SOBRE ESTA CIDADE DE RIOS
(capa)
- Edições Pirata, Recife - PE, 1979
POR TANTAS PORTAS QUE ABRIRAM
Por tantas portas que abriram
à força e na fraqueza da palha
depois feixe; pelo que vimos
e ouvimos, pelo povo,
quero meu corpo ajoelhado
o sopro de Deus em meus cabelos
pesados de esperança e de mormaço.
Quero ser abençoada
sufocada de suor e sinos, fiel ao dia
e não ao calendário.
NATUREZA-MORTA
Quando o intérprete traduziu a pergunta
sobre melhores preços
para os produtos básicos exportáveis
uma voz, decisiva em seus metais, respondeu :
montaremos nossas fábricas
em vossa América Latina.
E continua o processo longo e lento
dos homens e dos frutos esgotados. Bagaço
espremido e largado, o claro suco em outra
mesa, natureza-morta (óleo sobre tela)
em outra sala.
POVO DE DEUS
Ouço o povo numeroso de Deus.
Vem dos mangues, cárceres
e morros.
O Recife pulsa
pulso forte de aço, onde vivo.
À noite fecho a porta à beira-rio
lama e carne indissolúveis.
Ouço as portas.
E o clamor de Deus, abrindo-as.
(Poemas do livro SOBRE ESTA CIDADE DE RIOS, de Celina de Holanda, que integra a antologia EDIÇÕES PIRATA : LIVRO 7 DE 7 POETAS, organizada por Eugênia Menezes, Juareiz Correya e Myriam Brindeiro, a ser lançada, neste mês de agosto, em edição digital da EBOOKS PANAMERICA - www.ebookspanamerica.net.br
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CELINA DE HOLANDA CAVALCANTI nasceu no Cabo, município da Zona da Mata de Pernambuco. Divulgou seus primeiros trabalhos no "Diário de Pernambuco" e "Jornal do Commercio", do Recife. Publicou O Espelho e a Rosa (1970), pela Imprensa Universitária da UFPE, e A Mão Extrema (1976), pela Editora Quíron, de São Paulo, ambos de poesia.
(Contracapa do livro)
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