OS CÃES DA SINA
- Almir Castro Barros
(capa)
MUITO ÍNTIMO A UM FILHO
O épico morreu
Mas em toda parte
Há um número de heróis
Que não sei meu filho
Se escrevo a verdade.
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BREVE TRATADO DE INDIFERENÇA
Toda a cidade andou pensando que morri
Porque andei ausente
E com uma incurável falta de ar.
Quando reapareci a cidade se espantou
Mas logo me esqueceu.
Ah, os brancos mármores
- Infortúnio dos que pretendiam
Dormir nos esquecidos Campos
Século após século.
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ANOTAÇÕES DE UM CONDENADO
Um século de janeiros
É o que parece
- Nesta máquina de escrever sepulto os dias
Em contos
E em contos acumulo
Um infindável túnel para a travessia.
Faz eras que desabam os miseráveis
Velhos e os pássaros e os meninos
E neles só me encontro pelos sinos.
Este é o remorso dos que amam os mortos :
Ergue-los em contos sobre escombros
E transformar em fábula a lástima vizinha.
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(Estes poemas pertencem ao livro OS CÃES DA SINA, de Almir Castro Barros, que integra a antologia EDIÇÕES PIRATA - 7 LIVROS DE 7 POETAS, organizada por Eugênia Menezes, Juareiz Correya e Myriam Brindeiro, a ser lançada, em edição digital, no próximo mês de agosto, pela "EBOOKS PANAMERICA")
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ALMIR CASTRO BARROS nasceu em Maraial, Pernambuco, em 1942.
Integrante da Geração 65 de escritores pernambucanos, tem publicado
seus poemas com regularidade em jornais recifenses. Publicou Estações
da Viagem (poesia), em 1974. Prepara, atualmente, um livro reunindo
todos os seus poemas - Gólgota, Outra Cruz Para o Poema.
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