domingo, 12 de junho de 2016

AMERICANTO AMAR AMÉRICA : Opinião de Potiguar Matos





     "Faz muito tempo desisti de compreender o Brasil. Rio-me, às vezes, de velhas certezas infantis. Não me perguntem se é progresso ou demência progressiva. Tenho deixado os teóricos de lado e me entregue à tentação de ler respostas na festa de angústias das novas gerações.  

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     Penso essas coisas andando a estrada tormentosa dos versos de Juareiz Correya  : Amanhece. / Mas eu sinto que não amanheço.


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     O poeta tenta erguer um canto pagão, desmistifica palavras, mergulha-as em banho de lama e sacode na cara de um universo corrupto, que despreza e provoca.  Não lhe interessa o amplo coração de Maiakovski, é, apenas, e totalmente sexo, como se acutilasse o sonho de gerar uma humanidade nova, onde a América, por exemplo, não fosse posse de um homem velho como Reagan... 


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     Não tenho lido mais os teóricos, com sua sabedoria e o seu jogo de astúcias inteligentes. Ando pelas ruas e sinto a gestação de palavras novas, novas e balbuciantes respostas.  Poetas jovens surgem da noite, carregam a madrugada em seus versos.  No desespero e ceticismo há coisas esplêndidas germinando :  Me faço poeta, astronauta / para jogar sobre os continentes meu sorriso de luta." 



(DIARIO DE PERNAMBUCO, Recife, 1982) 

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Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA 
E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20
- de Juareiz Correya 
(Panamerica Nordestal Editora, Recife, PE, 2010) 

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